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domingo, 4 de março de 2012

Primeiro crossover flex, Sportage ficou melhor de dirigir


Se o motor flex é ainda uma condição decisiva entre os modelos pequenos – a própria Kia descobriu isso quando lançou o Soul e o Picanto bicombustíveis -, no segmento mais sofisticado esse diferencial não passa de um detalhe.


Basta analisar o mercado para constatar que poucos veículos com preço acima de R$ 90 mil aderiram ao motor flex. Primeiro porque o volume de vendas é baixo pelo investimento necessário e, segundo, porque o consumidor desses carros não vê economia significativa em usar etanol – ainda mais nos últimos tempos, com o combustível vegetal caro.


Então, por que a Kia resolveu lançar o Sportage com motor 2.0 flex, primeiro veículo de sua categoria com essa opção? O Cerato, seu modelo mais vendido no mundo – e no Brasil – seria a escolha lógica mas continua a ter um motor apenas a gasolina.


Talvez a resposta esteja no resultado da alteração. O novo motor do crossover é uma evolução do antigo Theta 2. Batizado com o curto nome “Nu”, o propulsor foi modernizado – ganhou comando de válvulas variável tanto na admissão quanto na saída – e preparado para beber etanol. O ajuste de potência, inclusive, dava pinta que prejudicaria o consumo: um salto de 12 cv em relação ao motor anterior. Mas eis que a sede do Sportage flex é modesta.

A Kia não divulga quanto o modelo consome e se fez de desavisada quando perguntada na coletiva de lançamento sobre o desempenho na nova versão. Mas a montadora coreana enviou o Sportage para o Inmetro avaliar seu consumo e o resultado é promissor: 6 km/l na cidade e 7,4 km/l na estrada, ambos com etanol. Parece pouco, mas é o mesmo desempenho do Duster 2.0 4x4, um veículo bem mais leve e com câmbio manual – contra um automático de seis velocidades.

Mesmo com gasolina no tanque, o Kia exibe números respeitáveis, 8,9 km/h e 11,2 km/l (urbano/rodoviário). É menos do que gasta o RAV4, da Toyota, único modelo semelhante analisado pelo Inmetro.

Poucas e boas novidades

Mas, afinal, os 178 cv fazem diferença? A resposta é sim. Na época do lançamento, em abril do ano passado, nos queixamos do fraco motor que deixava a desejar em retomadas de velocidade. É justamente nesse aspecto que ficou clara a evolução. O Sportage flex tem esse fôlego a mais que um veículo de quase 1,5 tonelada necessita. Não chega a ser um sopro violento, mas suficiente para não causar neuroses no motorista.

Outra crítica que fizemos parece que foi ouvida pela Kia: “a direção, hidráulica, tem bom acerto, mas poderia ser mais leve, do tipo eletroidráulica, como alguns rivais”, dissemos naquela avaliação. É não é que agora o crossover ganhou direção com assistência elétrica? Mais confortável, ela aliviou parte do trabalho do motorista, que só continua sofrendo com a ausência de ajuste de profundidade do volante – pessoas mais altas ficam com os braços esticados e com as pernas encolhidas em seu assento.

Se atendeu nossos desejos em matéria de motor e direção, a Kia continua pecando por negligenciar alguns itens no Sportage. Tela multimídia com GPS, nem pensar. Nem mesmo o computador de bordo se dá ao luxo de fornecer o consumo do carro. Em compensação, agora todas as versões contam com rodas aro 18 polegadas e as versões P586, P587 e P685 (integral) ganharam ainda luzes diurnas de LEDs.

Branco e preto

A Kia disse que as vendas do Sportage só não foram melhores por falta de produto. Em abril de 2011, a marca garantiu que passaria a trazer ao menos mil unidades por mês “com picos de até 1,8 mil”, mas na prática apenas 8,3 mil exemplares chegaram ao país durante o ano inteiro. Agora a empresa volta a apostar num crescimento significativo: 14,2 mil unidades em 2012, sendo metade disso da versão topo de linha, que custa R$ 114.600 e traz teto solar panorâmico e mais airbags: “nossos clientes só querem o carro na cor branca e o teto preto, por conta do teto solar”, revelou Ary Jorge Ribeiro, diretor de vendas da Kia.

Sinal do apelo de design do modelo é o fato de as versões de entrada – que custam R$ 90.900 (manual) e R$ 95.400 (automática) venderem apenas 25% do total. Mas vale a pena mesmo gastar quase R$ 115 mil num Sportage? É praticamente o mesmo valor que se paga pelo novo Azera, um carro infinitamente mais bem equipado e acabado – seu “primo” Cadenza, da própria Kia, custa bem mais.

Sem dúvida, é um preço muito elevado para qualquer tipo de SUV, mas o grande problema é que essa situação pode piorar já que praticamente todos os modelos dessa categoria são importados e ainda não tiveram o aumento do IPI repassado por completo. Questionado se os valores atuais do Sportage valerão por algum tempo, Ribeiro disse que tudo dependerá da concorrência: “nosso objetivo é manter os preços pelo máximo de tempo possível, mas precisamos ver o que nossos rivais farão daqui em diante”.
Fonte:  iGCarros

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