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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Novo Sportage vira o jogo


Houve um tempo em que a Kia reinava sozinha no segmento de pequenos SUVs. Era o começo da década passada quando ela vendia a primeira geração do Sportage. Na época, o modelo usava carroceria separada do chassi e até motor diesel. Suas vendas no Brasil eram até respeitáveis, mas bastou que a segunda geração chegasse para que o jogo se invertesse.

Já como parte do grupo Hyundai, a Kia foi preterida pela irmã maior, que lançou primeiro o Tucson para depois mostrar o novo Sportage. Pior: o Hyundai tinha visual aceitável enquanto o Kia era um remendo perto dele.


Crise no Oriente Médio ajudou

O pesadelo continuou no Brasil pelo fato de o grupo CAOA conseguir importar um volume muito superior de Tucson enquanto a Kia mal dava conta das encomendas. O marketing pesado da Hyundai também ajudou o Tucson a virar o importado mais vendido do Brasil por anos. Quando a Kia, enfim, resolveu seus problemas de estoque já era tarde demais.

Agora, com a (verdadeira) chegada do novo Sportage, o jogo pode mudar de lado novamente. O crossover da Kia é nitidamente mais atraente que seu irmão ix35 (que na Hyundai convive com o velho Tucson). Chega ao ponto de deixar o maior Sorento com ar envelhecido – e ele mal chegou ao mercado brasileiro.

Lançado oficialmente logo após o Salão do Automóvel, o Sportage enfrentou o mesmo problema do seu antecessor: falta de carros. Como a Kia produz o modelo na Coréia para nada menos que 156 mercados, coube ao Brasil apenas uma reduzida cota.

Por isso, apenas agora, em abril, a Kia brasileira conseguiu estabelecer um volume adequado de importação, em torno de mil carros por mês, mas que pode ter picos de 1.800 unidades. Ajudou também a crise no Oriente Médio: mercados como o da Líbia compravam muitos veículos da marca e agora estão em suspense.

Picape rural

Mas, afinal, como é o novo e tão aguardado Sportage? O iG Carros teve a oportunidade de avaliá-lo na semana passada e confirmou o acerto do estilo do mago Peter Scheyrer, designer-chefe da Kia que mudou sua linha da água para o vinho – e pensar que o alemão passou quatro meses desempregado antes de aceitar a proposta da montadora coreana.

O Sportage é imponente, sobretudo na frente. Mas mesmo a traseira tem um cuidado acima da média. Mais longo e largo que seu antecessor, o Sportage é também mais baixo, o que lhe confere um ar mais esportivo. O espaço interno é generoso e o acabamento, muito bom.

Mas é na hora de procurar os equipamentos que o Kia começa a deixar a desejar. Sentamos no assento do motorista e, ao procurar ajustá-lo, a surpresa: se traz controles elétricos no banco, o crossover não oferece ajuste de profundidade no volante. Para liberar o carro, procuramos o freio de estacionamento e ele está no pedal, no estilo picape rural – a concorrência já oferece freio elétrico.

A versão testada, código P.396, traz ar-condicionado dual zone, teto solar panorâmico, rodas de liga aro 18 de desenho um tanto chamativo, chave presencial com partida por botão, dez airbags, câmera de ré e outros itens esperados de um carro desse porte. Contudo, o motor e o câmbio, de seis marchas automático, são apenas aceitáveis. A transmissão possui opção sequencial na alavanca, mas poderia oferecer paddle-shifts, coisa que o Cerato traz. Já o motor, embora moderno, não empolga. São 166 cv de um 2.0, o que é bom no papel, mas pouco se repararmos que o torque de 20 kgfm só é atingido acima de 4,6 mil rpm.

Durante o test-drive, o Sportage se mostrou um veículo silencioso, com uma ótima suspensão, mas sem grande disposição em ultrapassagens. A direção, hidráulica, tem bom acerto, mas poderia ser mais leve, do tipo eletroidráulica, como alguns rivais. O porta-malas, com teóricos 740 litros, é bom, porém, parece menor que isso, na prática.

Mercado inflacionado

Apesar desses percalços, o novo Sportage é um veículo confortável e superior, por exemplo, ao Honda CR-V, outro que oferece motor 2.0. O problema é que o Kia custa muito mais. A versão testada sai por R$ 105.900, praticamente R$ 20 mil a mais que o Honda.

Se ao menos o cliente recebesse itens que justificassem esse valor, no entanto, isso não ocorre. O Sportage não traz tela touch-screen nem ao menos GPS. Por menos que isso a Peugeot tem o 3008 com motor turbo e a Volks oferece o Tiguan por valor parecido com sistema de estacionamento automático e tração integral, por exemplo.

O Kia é, sim, mais barato que o ix35, mas o modelo da Hyundai inflacionou o mercado, o que permitiu que algumas marcas pudessem elevar seus preços sem parecerem abusivos. Ou seja, para possuir o status de um SUV hoje se paga muitíssimo caro por um veículo que muitas vezes tem menos conteúdo que um bom sedã na faixa de R$ 70 mil. E o Sportage, por enquanto, é um deles.
Fonte: iGCarros

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